Entrevistas

TW Entrevista 09: Reinaldo Ferraz

Fizemos uma série de entrevistas chamada "TW Entrevista". O entrevistado de hoje é o Reinaldo Ferraz, especialista em Acessibilidade para a Web e que trabalha na W3C Brasil.

há 5 anos 5 meses


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Olá, Web Developers!

Hoje trazemos para vocês uma entrevista com o Reinaldo Ferraz, especialista em Acessibilidade para a Web e que trabalha na W3C Brasil.

Se você ainda não viu, o Fabio Costa foi o último entrevistado por nós.

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Fale um pouco sobre você (de onde é, onde mora, o que faz, onde trabalha atualmente, etc)

Eu tenho 41 anos, moro e trabalho em São Paulo. Atualmente estou no W3C Brasil e no Ceweb.br trabalhando como especialista em desenvolvimento Web. Sou responsável por ações e estudos sobre tecnologias Web, desde as principais tecnologias do W3C como HTML e CSS até projetos relacionados a Web das Coisas.

Apesar desse amplo espectro, sou apaixonado por acessibilidade digital. Além de ter o privilégio de coordenar as ações de acessibilidade aqui no escritório, sou um militante da causa de uma Web inclusiva para todas as pessoas, independente de deficiência ou limitação tecnológica.

Quando e como você começou a se interessar pela área?

Sempre gostei de tecnologia. Quando era office boy de uma companhia aérea (a finada Transbrasil) eu ficava fuçando os computadores da secretária do meu chefe para aprender a mexer em alguns programas.

Foi lá que aprendi a mexer com o Lotus123, Wordstar e programas “gráficos” como o Printmaster. Isso me estimulou a procurar um curso de graduação na área e acabei encontrando um curso de Educação Artística e Computação gráfica na Anhembi Morumbi (hoje esse curso não existe mais mas gerou diversos cursos como design digital e outros).

Lá eu aprendi muita coisa relacionada a tecnologia (como operar software) mas como também a ter um olhar crítico sobre a produção digital. Foi lá que eu tive meu primeiro contato com a Web, por volta de 1998 (no último ano da faculdade). Logo depois que me formei fiz uma pos de Design de Hipermídia, também na Anhembi Morumbi e comecei a trabalhar na área.

Como foi seu primeiro trabalho na área?

Meu primeiro trabalho foi com desenvolvimento Web em uma pequena empresa de tecnologia em 1998.

Eu tinha acabado de sair da faculdade e precisava fazer o estágio. Eles eram especialistas em rede e estavam expandindo seus serviços para o desenvolvimento Web. Trabalhei com um time pequeno. Era um coordenador, dois desenvolvedores/design e um ilustrador. Aprendi muito nesse trabalho.

Na época, design de sites era desenhar a página no Photoshop e picotá-la para colocar em tabelas no site (antes de existir o Adobe ImageReady) no HTML3. Com o tempo fomos estudando e aprendendo como melhorar a performance com um design mais limpo e elaborado, mas nunca passou pela nossa cabeça conhecer Web Standards.

Era uma época interessante, pois nem todo mundo dava bola para a Web e o pessoal de vendas trocava tudo por site, desde pizza para a equipe até bicicletas. Tudo isso virava moeda para pagamento.

Muitos devem ter curiosidade: como é trabalhar na W3C Brasil? Conte-nos um pouco sobre o dia a dia, o que é feito lá, suas responsabilidades, etc.

Trabalhar no W3C Brasil é diferente de trabalhar no W3C Internacional. Lá as funções são com focos nos grupos de trabalho que desenvolvem os padrões, e o pessoal do staff trabalha diretamente nessa linha de frente.

Aqui no Brasil nossas atribuições principais são fomentar o uso dos padrões e estimular a participação brasileira no cenário de construções de padrões internacionais. Eu trabalho principalmente com os projetos relacionados a acessibilidade na Web.

Ainda existe uma carência muito grande de material em português e iniciativas para colocar esse tema na pauta do desenvolvedor. Minhas atividades incluem promover essas atividades, como a construção de guias de boas práticas, coordenar traduções de documentos e disseminar esse conteúdo, promovendo e participando de eventos em todo o mundo.

Também estou trabalhando com Web das Coisas, que é o uso de tecnologias Web na Internet das Coisas, e Publicações Digitais na Web, que estuda a evolução das publicações eletrônicas, como ebooks e revistas digitais. Trabalhamos aqui fazendo estudos e promovendo iniciativas para essas tecnologias também.

Na verdade acabamos trabalhando com o W3C Internacional, participando de grupos de trabalho para discutir a evolução dos padrões. Além de estimular a participação brasileira, também contribuímos como membros do consórcio.

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O que você enxerga como maior desafio no seu trabalho? Quais as partes que mais e menos gosta?

Acho que o maior desafio no meu trabalho é conseguir colocar a pauta da acessibilidade especialmente para empresas.

Usuários e desenvolvedores compram a ideia e a causa muito fácil, mas para empresas muitas vezes as prioridades são prazos e falta de capacitação, o que acaba envolvendo tempo e custos.

Quando o desenvolvedor se envolve com a acessibilidade ele acaba colocando no seu dia a dia, mas muitas vezes não é uma preocupação da empresa.

Hoje em dia ainda é muito comum que as pessoas se preocupem com acessibilidade apenas no fim do projeto ou como um simples item para melhorar o SEO. Compartilhe conosco a importância de se desenvolver uma web mais acessível para todos, e quais ferramentas você costuma usar para fazer testes de acessibilidade.

Por isso esse trabalho e importante. Muita gente vê a acessibilidade como um benefício para os outros. Acessibilidade tem a ver com o nosso acesso ao conteúdo no futuro, seja devido a uma limitação temporária ou mesmo com a chegada da idade, quando a acuidade visual e auditiva vão diminuindo e a destreza manual também.

Tanto a acessibilidade quando UX tem um papel importante na tecnologia que é aproximar o ser humano da aplicação. Deixar que a aplicação seja mais amigável para as pessoas. Na verdade, para TODAS as pessoas.

Eu defendo que a acessibilidade deve fazer parte do início do projeto. Levar em consideração requisitos de acessibilidade desde o início evita o retrabalho depois do site pronto. É como construir uma casa: Melhor pensar em uma casa com batentes amplos antes de construir do que quebrar paredes para fazer isso.

Ao pensar em acessibilidade, muitas pessoas costumam pensar primeiramente em leitores de telas voltados para deficientes visuais, mas pensar em acessibilidade vai muito além disso, já que existem várias outras necessidades especiais que muitos de nós nem nos damos conta. Comente sobre outros casos que precisamos levar em conta na hora de cuidar da acessibilidade e quais fontes você recomenda para que possamos aprender mais sobre o assunto e nos mantermos atualizados.

A questão da acessibilidade vai além dos leitores de tela. Pensamos nisso em primeiro momento porque é o que parece ser mais impactado, já que a Web tem um apelo gráfico e visual muito forte. Porém quando pensamos no acesso de todas as pessoas precisamos considerar também as pessoas de baixa visão (que não enxergam letras pequenas ou determinadas cores), pessoas surdas ou de baixa audição (que precisam de legendas ou tradutores para LIBRAS) e pessoas com mobilidade reduzida (principalmente pessoas tetraplégicas, que não se movimentam do pescoço para baixo). Para todas essas situações (e muitas outras) existem técnicas e diretrizes para evitar barreiras de acesso.

Uma forma de entender essas questões é ter empatia pelo seu usuário. Compreender as diferenças e estudar como as pessoas navegam ou acessam a Web. Todas as pessoas são diferentes e tem características únicas e navegam de forma distinta, seja com um navegador ou ou um leitor de tela.

Empatia nos possibilita pensar no desenho universal, que não cria barreira para nenhuma pessoa, seja ela uma pessoa com deficiência ou não.

Existe um amplo material disponível sobre acessibilidade na Web. Além das Diretrizes do W3C (https://www.w3.org/Translations/WCAG20-pt-br/), eu recomendaria a leitura dos seguintes materiais:

Cartilha de Acessibilidade na Web

Essa cartilha tem links com ótimas referências, desde artigos técnicos até legislação relacionada aos direitos da pessoa com deficiência.

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Livro Acessibilidade na Web

http://www.reinaldoferraz.com.br/livro-sobre-acessibilidade-na-web/

Produzido no âmbito do curso a distância do curso de Pós-Graduação em Tecnologias e Inovações para Web para o Senac, nesse livro (de minha autoria) você encontra um ótimo contexto da acessibilidade além de técnicas para tornar páginas acessíveis

Dicas para verificar a acessibilidade da sua página Web https://medium.com/revista-web/dicas-para-verificar-a-acessibilidade-da-sua-p%C3%A1gina-web-186acdfb865c

Um artigo que escrevi com dicas para encontrar barreiras de acesso em páginas e aplicações Web e como soluciona-las.

Movimento Web para Todos

http://mwpt.com.br/

Um movimento com o objetivo de disseminar a acessibilidade digital entre desenvolvedores, empesas e o público em geral. Tem um amplo repositório de artigos e uma área para que qualquer pessoa possa “compartilhar sua experiência” com relação a acessibilidade na Web, seja ela boa ou ruim.

Fique Ligado!

Para seguir o Reinaldo Ferraz:

Autor(a) do artigo

Akira Hanashiro
Akira Hanashiro

Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Pós-graduado em Projetos e Desenvolvimento de Aplicações Web e MBA em Machine Learning. Especializado em Front End e curte desenvolvimento de jogos.

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